A transformação digital no setor educacional ganhou dois capítulos importantes no mês de julho de 2025. De um lado, todos os diplomas do ensino superior no Brasil passaram a ser obrigatoriamente digitais. De outro, especialistas de todo o país se reuniram em Brasília para discutir os usos e limites da inteligência artificial (IA) na educação básica.
Esses dois acontecimentos refletem uma mesma tendência: a tecnologia está se tornando inseparável da educação. E psicopedagogos, educadores e gestores precisam entender essas mudanças para adaptar sua prática — com consciência ética, espírito crítico e abertura à inovação.
Diploma digital passa a ser obrigatório no Brasil
Desde 1º de julho de 2025, todos os diplomas de cursos superiores emitidos por instituições públicas ou privadas no Brasil devem ser exclusivamente digitais, conforme portaria do Ministério da Educação (MEC).
O que muda na prática:
- Os diplomas agora são emitidos com assinatura digital, carimbo de tempo e certificação criptografada;
- O documento impresso não tem mais validade legal, caso tenha sido emitido após essa data;
- O processo de emissão ficou mais rápido e seguro, combatendo fraudes e facilitando a validação por empresas e órgãos públicos.
Embora essa mudança afete diretamente o ensino superior, ela antecipa uma tendência que deve chegar à educação básica e técnica — além de influenciar a forma como cursos de pós-graduação, especializações e certificações em áreas como psicopedagogia serão gerenciados.
Para o psicopedagogo:
- É importante orientar alunos e famílias sobre a validade dos diplomas digitais;
- Profissionais devem estar atentos à emissão correta dos próprios certificados e dos cursos que ministram;
- A familiaridade com plataformas de certificação digital será um diferencial para quem atua com formação, capacitação ou consultoria educacional.
Seminário Nacional discute IA na educação básica
Nos dias 17 e 18 de julho, ocorreu em Brasília o evento “IA na Educação Básica: construindo referenciais nacionais”, promovido pelo MEC com transmissão online para todo o país.
O evento reuniu especialistas em educação, tecnologia e ética para discutir como a inteligência artificial pode ser usada — e não abusada — nas escolas públicas e privadas.
Pilares discutidos:
- IA como ferramenta de apoio, e não substituição do professor;
- Criação de diretrizes éticas e pedagógicas para uso consciente de plataformas com IA;
- Potenciais aplicações: correção de atividades, organização de planos de aula, identificação de padrões de aprendizagem e apoio à personalização do ensino;
- Riscos associados: viés algorítmico, dependência tecnológica e exclusão digital.
E o que isso tem a ver com psicopedagogos?
Muita coisa. A IA já está presente em:
- Plataformas de aprendizagem adaptativa;
- Aplicativos de avaliação de desempenho;
- Ferramentas de criação de conteúdo personalizado para alunos com dislexia, TEA, TDAH, etc.
Mas para funcionar bem, é preciso um profissional que saiba interpretar os dados, ajustar os parâmetros e garantir que a ferramenta esteja a serviço da criança — e não o contrário.
Como psicopedagogos podem se posicionar?
Esses dois avanços mostram que os profissionais da aprendizagem precisam:
Atualizar seus conhecimentos tecnológicos: IA e certificação digital não são mais tendências futuras, mas realidades atuais.
Atuar como ponte entre inovação e prática pedagógica: o psicopedagogo pode ajudar a traduzir tecnologias em soluções humanizadas, adaptadas à realidade dos alunos.
Participar ativamente da construção de políticas tecnológicas nas escolas e redes de ensino: seja sugerindo critérios de uso, treinando professores ou analisando os impactos na aprendizagem.
Conclusão: Inovar com ética é o novo desafio da educação
A digitalização dos diplomas e o debate sobre inteligência artificial nas escolas mostram que a educação está entrando em uma nova fase — mais conectada, mais automatizada, mas que precisa ser, acima de tudo, mais consciente e humana.
Psicopedagogos e educadores que se mantêm atualizados e participativos nesses processos têm mais ferramentas para transformar a aprendizagem com responsabilidade e criatividade.
Referências de apoio
Portaria MEC sobre diplomas digitais: Portal MEC – Diploma digital obrigatório a partir de julho de 2025
Evento sobre IA: MEC – Seminário IA na Educação Básica
👉 No próximo artigo da série: tragédia em escola do RS reacende o debate sobre saúde mental e segurança — como os psicopedagogos podem atuar na prevenção e no acolhimento?