iPsy News – A Newsletter de Novembro de 2025 da plataforma iPsy

Seja muito bem-vinda/o à edição de outubro de 2025 da nossa newsletter de psicopedagogia. Estamos entrando numa reta final do ano letivo, um momento em que alunos, famílias e equipes escolares já carregam a carga de ritmo intenso — e, por isso, é ainda mais importante mantermos o olhar atento para o desenvolvimento, para os vínculos e para os desafios que se acentuam nessa fase.

Refletir sobre o papel de cada profissional — seja em sala, no atendimento clínico ou no acompanhamento escolar — é fundamental: não apenas como transmissor de conteúdo, mas como acompanhante de trajetórias singulares. Que possamos lembrar que aprendizagem é também tempo, vínculo e adaptação — não apenas metas a cumprir.

Para a nossa prática psicopedagógica, lanço uma provocação: como podemos promover relações de aprendizagem que respeitem os ritmos de cada criança e adolescente, minimizando as pressões e ampliando o espaço para acolhimento, autoconhecimento e autoria? Que este boletim inspire esse olhar colaborativo e integrador.

Notícias Relevantes do Mês de Outubro de 2025

Aqui estão os destaques de acontecimentos públicos, políticas ou dados que têm implicações diretas para a prática psicopedagógica:

Brasil avança, mas ainda tem 4,2 milhões em atraso escolar

O que aconteceu: Segundo levantamento, cerca de 4,2 milhões de estudantes brasileiros estão com dois anos ou mais de atraso escolar — o que representa 12,5% das matrículas na Educação Básica.

Impacto para a psicopedagogia: Este dado reforça a necessidade de intervenção individualizada e ação coordenada entre escola e família para recuperação de trajetórias. Em contextos de atraso, intervenções psicopedagógicas são essenciais para adensar o vínculo, identificar bloqueios e propor adaptações curriculares ou metodológicas.

Todos Pela Educação publica 12ª edição do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025

O que aconteceu: Foi lançada a 12ª edição desse anuário que reúne indicadores de acesso, aprendizagem, infraestrutura, financiamento, equidade racial, entre outros.

Acesse o anuário gratuitamente : Clique aqui e acesse o anuário Brasileiro da educação básica 2025

Impacto para a psicopedagogia: A disponibilização desses dados permite que profissionais da aprendizagem contextualizem sua atuação no panorama nacional. Por exemplo: onde há maiores desigualdades? Em que redes? Este tipo de informação auxilia no planejamento coletivo (com escola) e na argumentação com equipes gestoras.

Ministério da Saúde lança nova linha de cuidados para o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O que aconteceu: Em 18 de setembro de 2025, foi anunciada nova linha de cuidado para TEA, com investimento anual de R$ 5,5 milhões para o estado de São Paulo e R$ 72 milhões para novos serviços em 18 estados e no DF.

Impacto para a psicopedagogia: Para o trabalho clínico e escolar, é relevante porque amplia a rede de atendimento à pessoa com TEA — o que implica que o psicopedagogo deve articular-se com esses serviços, estar informado sobre protocolos e oferecer encaminhamento ou parceria. Também reforça a importância da inclusão e acessibilidade no cotidiano escolar.

Edital exclusivo para estudos de Autismo no Brasil anuncia projetos vencedores
O que aconteceu: Em 23 de outubro de 2025, foi divulgado que sete projetos de pesquisa focados em TEA, tecnologia e inclusão foram selecionados para apoio da FAPESP via parceria com o Instituto Jô Clemente.

Veja quais foram os projetos vencedores clicando : Aqui


Impacto para a psicopedagogia: Esse movimento científico reforça que a inclusão de pessoas com TEA não é apenas prática escolar, mas também campo de inovação tecnológica e pesquisa aplicada. Como psicopedagogos, estar atento a essas pesquisas permite incorporar evidências atualizadas nas intervenções ou tipificações de casos.

Nova lei: comunicação obrigatória ao Conselho Tutelar
O que aconteceu: Escolas devem notificar formalmente casos de violência e faltas excessivas.
Impacto: Ajuste protocolos internos, registre evidências e alinhe a escrita dos relatórios para os canais oficiais de proteção.

Decreto nº 12.686/2025 – Nova Política Nacional de Educação Especial Inclusiva

O que aconteceu:
Em 20 de outubro de 2025, o Governo Federal publicou o Decreto nº 12.686, que institui a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva (PNEEI) e cria a Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva, coordenada pelo MEC.
O decreto substitui o 7.611/2011 e estabelece como princípio a inclusão preferencial de estudantes com deficiência, TEA e altas habilidades em classes comuns, com apoios e serviços de AEE complementares.

Impacto para a psicopedagogia:
O decreto reforça a importância do olhar pedagógico sobre a inclusão. Ele reconhece que a avaliação psicopedagógica e pedagógica pode fundamentar a oferta de apoios sem necessidade de laudo médico, o que amplia a autonomia da escola e do profissional.
Psicopedagogos tornam-se peças-chave no mapeamento de barreiras, elaboração de planos de atendimento educacional especializado (PAEE) e articulação com a rede de saúde e assistência.

O que o decreto realmente diz

  • Institui a PNEEI e a Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva, focadas em garantir acesso, permanência e aprendizagem em escolas regulares.
  • O AEE é complementar e não substitui a matrícula em classe comum. Pode ocorrer em escolas públicas ou instituições sem fins lucrativos conveniadas (APAEs, Pestalozzis etc.).
  • Profissional de apoio escolar: formação mínima de ensino médio + 80 h específicas.
  • Não se exige laudo médico para concessão de apoios.
  • Prevê apoio da União via PDDE, PAR e bolsas para formação e estruturação.
  • Não determina fechamento de instituições especializadas, mas busca articulá-las ao percurso escolar do aluno.

O que o decreto não diz (mitos que circularam nas redes)

MitoFato
“Vai acabar com as APAEs.”Falso: mantém a possibilidade de convênio e atuação complementar.
“Proíbe famílias de escolher.”Falso: prioriza a inclusão, mas não impede casos excepcionais justificados pedagogicamente.
“Sem laudo não haverá apoio.”Falso: justamente o contrário — o apoio não pode depender de laudo médico.
“Obrigará todas as crianças a migrarem.”
Falso: define a universalização como meta de política pública, não como imposição imediata.

Repercussões e debates

Críticas mais frequentes (em blogs e redes):

  • A leitura de “universalização da matrícula” como obrigatoriedade indiscriminada.
  • Temor de “esvaziamento” de instituições especializadas e perda da liberdade das famílias.
  • Preocupação com a formação mínima de 80 horas para o profissional de apoio.

Defesas e esclarecimentos (MEC e especialistas):

  • O decreto mantém a rede conveniada, apenas organiza sua atuação como complementar e integrada.
  • A formação de 80 horas é o mínimo exigido, e novas portarias definirão critérios de qualidade.
  • A avaliação pedagógica substitui o laudo como base para intervenção, promovendo desburocratização e foco educacional.
  • Checagens jornalísticas (Agência Lupa, Aos Fatos, Folha) desmentiram boatos de fechamento de APAEs e “fim da liberdade das famílias”.

Como esse decreto muda sua prática

  • Valorize a avaliação psicopedagógica detalhada, pois ela passa a ser documento central para o acesso a apoios escolares.
  • Estabeleça parceria com escolas para elaboração do PAEE/PEI, incluindo objetivos, apoios e acompanhamento.
  • Oriente famílias com base em informações verificadas, desmistificando fake news.
  • Acompanhe as portarias de regulamentação do MEC, que definirão formação e fluxos da Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva.

Tendências Científicas e Pesquisas Recentes

Aqui vão 2 achados recentes com aplicação direta em clínica ou escola:

Guia nacional sobre uso de telas, dispositivos digitais e sua mediação familiar-escolar


O guia orienta que crianças menores de 2 anos evitem telas, que para crianças até 12 anos a mediação seja intensiva, e que o uso de telas para fins pedagógicos ou de acessibilidade seja pautado. Também destaca o papel da família e escola na regulação.

Baixe o seu Guia clicando aqui .

Aplicação prática: No plano psicopedagógico, incluir questão de rotina de telas na anamnese. Para estudantes com dificuldades de atenção ou regulação, trabalhar contrato de uso de telas + intervenção conjunta família-escola.

Preocupação crescente com o uso excessivo de telas e saúde mental de crianças e adolescentes
Especialistas alertam que o uso intenso de smartphones, tablets e redes sociais pode estar associada a ansiedade, distúrbios do sono, queda de atenção, entre outros.

Assista o video completo aqui : Assistir video

Aplicação prática: Em atendimentos clínicos, incluir na avaliação o “perfil de tela”: quantas horas, que tipo de conteúdo, qual momento (ex: antes de dormir). Em casos de disfunção escolar ou emocional, trabalhar junto com a equipe escolar e família a higiene digital como parte da intervenção.

    Datas Importantes do Próximo Mês

    • 02 de novembro – Dia Nacional da Alfabetização
      Sugestão: Propor roda de conversa com professores dos anos iniciais sobre “funções executivas e alfabetização” ou criar material informativo para famílias.
    • 14 de novembro – Dia Mundial do Diabetes
      Sugestão: Realizar atividade com escola ou família sobre saúde, sono, alimentação e impacto no aprendizado — correlacionando regulação corporal e aprendizagem.
    • 20 de novembro – Dia da Consciência Negra
      Sugestão: Promover roda de histórias ou projeto interativo sobre identidade, aprendizagem e equidade — envolver alunos, famílias e professores em ação conjunto.
    • 25 de novembro – Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher
      Sugestão: Em escola, promover oficina para educadores sobre reconhecimento de sinais de violência ou vulnerabilidade que podem impactar aprendizagem e regulação emocional dos alunos.
    • 30 de novembro – Encerramento de trimestre/turno escolar (varia conforme rede)
      Sugestão: Preparar relatório de progresso para famílias, promovendo devolutiva em tempo hábil com planejamento para o próximo período.

    Indicações do Mês

    Livro: “Neurociência e Gamificação: Criando experiências de aprendizagem inclusivas com tecnologia” — organizadores Silvana M. A. V. Santos et al. (2025). Oferece abordagem atual sobre tecnologia, neuroeducação e inclusão.

    Baixe o livro gratuitamente aqui : Baixar

    Muito obrigada por acompanhar esta edição da newsletter. Espero que os conteúdos sirvam de reflexo, estímulo e instrumento prático para sua atuação — seja em atendimento, sala de recursos, escola ou consultório.

    Até a próxima edição — e que seu mês seja de escuta, parceria e transformação.

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