Entre os dias 17 e 19 de julho de 2025, São Paulo sediou a 10ª edição do Congresso Aprender Criança, o maior evento latino-americano voltado para o debate entre saúde, educação e neurodesenvolvimento infantil.
Realizado no Expo Center Norte, o evento reuniu centenas de especialistas do Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, México e outros países, promovendo uma abordagem transdisciplinar sobre temas como TEA, TDAH, dislexia, altas habilidades, transtornos motores e de linguagem.
O congresso foi um verdadeiro ponto de encontro entre neurocientistas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores e psicopedagogos, criando pontes entre a teoria e a prática, entre a clínica e a escola.
Quais foram os temas mais debatidos?
O evento trouxe uma programação rica e diversa, com destaque para os seguintes eixos:
- Identificação precoce de transtornos do neurodesenvolvimento;
- Práticas pedagógicas inclusivas em contextos escolares desafiadores;
- Tecnologias assistivas e adaptações acessíveis na sala de aula;
- Intervenções interdisciplinares com base em evidências;
- O papel da família no desenvolvimento global da criança;
- Saúde emocional e prevenção ao bullying infantil.
Um dos grandes diferenciais do evento foi a forte presença de experiências práticas — com estudos de caso reais, oficinas interativas e demonstrações ao vivo de recursos utilizados no atendimento clínico e educacional.
Impactos práticos para o psicopedagogo
O Aprender Criança 2025 foi um verdadeiro “tanque de oxigênio” para profissionais que atuam com crianças neurodivergentes, especialmente em ambientes onde ainda faltam recursos ou formação adequada.
Veja o que o evento reforçou:
1. A intervenção deve ser interdisciplinar
Nenhum profissional resolve tudo sozinho. O cuidado com crianças com TEA, TDAH, dislexia ou deficiências requer cooperação entre diferentes saberes. O psicopedagogo é elo vital entre diagnóstico clínico e estratégias pedagógicas.
2. A escuta da família é tão importante quanto a avaliação técnica
Especialistas destacaram a importância de envolver ativamente os cuidadores no processo de acolhimento, acompanhamento e adaptação de rotinas.
3. A inclusão é um compromisso político e ético
Não se trata apenas de métodos de ensino, mas de garantir o direito de aprender, participar e pertencer — com o suporte necessário, sem sobrecarga ou exclusão velada.
Prêmios e iniciativas que inspiram
Durante o evento, alguns projetos foram reconhecidos por seu impacto:
- Um protocolo de atendimento pré-hospitalar adaptado para crianças autistas, usado por profissionais de emergência, foi premiado pela sua eficácia em acolher sem traumas em situações críticas;
- Escolas públicas do interior de Pernambuco e do Uruguai foram destaque por criarem salas sensoriais inclusivas, acessíveis e de baixo custo;
- Profissionais foram homenageados por desenvolverem materiais didáticos com linguagem simples para famílias de baixa escolaridade com filhos neurodivergentes.
Participação de psicopedagogos e terapeutas educacionais
O evento contou com salas temáticas específicas para psicopedagogia, com painéis sobre:
- Avaliação psicopedagógica no TEA;
- Adaptação curricular para crianças com dislexia;
- Estratégias lúdicas na intervenção com TDAH;
- Desenvolvimento da autorregulação emocional no contexto escolar.
A professora Cinara Ludvig (Unesc) destacou em sua conferência que “a psicopedagogia é hoje uma das áreas mais aptas a mediar a inclusão dentro da escola e dar sentido ao que acontece entre o diagnóstico clínico e o processo de aprendizagem.”
Conclusão: aprender criança é aprender com o mundo real
O Congresso Aprender Criança 2025 reafirmou que a infância não pode esperar. Os desafios são muitos, mas os caminhos estão sendo construídos — com empatia, ciência, criatividade e, acima de tudo, cooperação entre os profissionais que se dedicam a cuidar do desenvolvimento humano desde os primeiros anos.