Você já parou para pensar que o autismo não é algo exclusivo da infância? Pois é, muitos adultos podem viver anos sem saber que estão no espectro autista. E isso não é tão raro quanto parece. Vamos explorar juntos como é feito o diagnóstico de autismo em adultos, os sinais a serem observados e a importância de entender mais sobre essa condição.
O que é o TEA?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta como as pessoas interagem, se comunicam e percebem o mundo ao seu redor. Embora muita gente associe o autismo a crianças, ele acompanha a pessoa por toda a vida. Segundo o CDC (Centers for Diseases Control and Prevention), uma em cada 36 crianças nos EUA está no espectro autista. No Brasil, estima-se que cerca de dois milhões de crianças possam estar no espectro – mas, infelizmente, ainda temos poucos estudos sobre isso no país.
Entender o autismo desde cedo é fundamental, mas e quando o diagnóstico só acontece na vida adulta? Aí entra uma série de desafios e descobertas que podem mudar a vida de uma pessoa.
Os Sinais de Alerta no TEA em Adultos
Vamos combinar: muitos adultos passam a vida mascarando os sinais do autismo, aprendendo a se adaptar para parecerem neurotípicos. Isso torna o diagnóstico mais complicado, mas não impossível. Aqui estão alguns sinais que podem indicar TEA em adultos:
- Dificuldades de comunicação: Pode ser difícil entender sarcasmo, piadas ou até mesmo expressar emoções e pensamentos.
- Comportamentos repetitivos e rotinas: Resistencia às mudanças é comum, assim como a necessidade de seguir padrões ou rituais diários.
- Interesses intensos: Algumas pessoas desenvolvem paixões tão profundas por certos temas que podem parecer obsessivas.
- Interações sociais desafiadoras: A leitura de sinais sociais, como expressões faciais ou linguagem corporal, pode ser complicada.
- Sensibilidade sensorial: Hipo ou hipersensibilidade a luzes, sons, texturas ou cheiros é uma característica marcante.
Esses sinais podem variar de pessoa para pessoa, mas são um bom ponto de partida para entender o comportamento.
Por Que o Diagnóstico Tardio é Comum?
Diagnosticar o autismo em adultos não é tão simples, e vários fatores contribuem para isso:
- Desinformação: Muitas vezes, os sinais do autismo são confundidos com traços de personalidade ou outros transtornos.
- Estigma: Ainda há muito preconceito em relação ao TEA, o que faz com que algumas pessoas evitem buscar ajuda.
- Barreiras no sistema de saúde: A falta de profissionais especializados e os altos custos também atrapalham.
Como é Feito o Diagnóstico?

O diagnóstico do TEA em adultos exige paciência e uma avaliação aprofundada. Geralmente, ele é feito por uma equipe multidisciplinar que pode incluir neurologistas, psiquiatras e psicólogos. Aqui está o que acontece durante o processo:
1. Primeira consulta
Tudo começa com uma conversa detalhada sobre:
- O histórico médico e familiar.
- Sintomas atuais e como eles impactam o dia a dia.
- Experiências passadas, especialmente durante a infância.
2. Observação comportamental
Os especialistas analisam como a pessoa interage, se comunica e responde a diferentes situações.
3. Ferramentas de avaliação
Alguns instrumentos podem ser usados para ajudar no diagnóstico, como:
- ADOS-2: Avalia comunicação, interação social e comportamento.
- AQ: Um questionário que mede traços autistas.
- RAADS-R: Teste específico para adultos.
4. Entrevistas com familiares
Quando possível, os familiares podem ajudar a preencher lacunas sobre o histórico da pessoa.
5. Diagnóstico diferencial
O profissional descarta outros transtornos que podem ter sintomas semelhantes, como ansiedade social ou TDAH.
Impacto do Diagnóstico na Vida Adulta
Descobrir que você é autista na vida adulta pode ser transformador. Para muitos, é como encaixar a peça que faltava no quebra-cabeça da vida. Os benefícios incluem:
- Autoconhecimento: Saber que há uma razão para certos comportamentos pode trazer alívio.
- Apoio personalizado: O acesso a terapias e grupos de apoio fica mais fácil.
- Planejamento: Você pode ajustar suas expectativas e criar rotinas que respeitem suas necessidades.
Dicas para Quem Busca um Diagnóstico
Se você acha que pode estar no espectro autista, aqui estão algumas dicas:
- Procure um especialista: Um neurologista ou psicólogo com experiência em TEA é o mais indicado.
- Anote seus sintomas: Leve um registro de situações que você acha que podem ser sinais do TEA.
- Converse com familiares: Eles podem trazer insights sobre seu comportamento na infância.
Conclusão
O diagnóstico de autismo em adultos é uma jornada de autodescoberta que pode mudar vidas. Embora o processo tenha desafios, ele também abre portas para um maior entendimento, aceitação e apoio. Se você suspeita que pode estar no espectro, não hesite em buscar ajuda. Lembre-se: compreender a si mesmo é o primeiro passo para viver uma vida mais plena e autêntica.
IPSY informa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas com psicopedagogos, psicólogos, médicos ou outros profissionais de saúde. Também não oferece diagnósticos ou recomendações de avaliações específicas.
É essencial ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser realizados com base em uma avaliação profissional individual. Em caso de dúvidas, consulte um especialista qualificado. Apenas o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas de forma segura e assertiva.
Lembre-se: tomar decisões relacionadas à saúde e ao desenvolvimento sem orientação de um profissional pode trazer riscos.
Referências:
- Ministério da Saúde. TEA: saiba o que é o Transtorno do Espectro Autista e como o SUS tem dado assistência a pacientes e familiares. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/abril/tea-saiba-o-que-e-o-transtorno-do-espectro-autista-e-como-o-sus-tem-dado-assistencia-a-pacientes-e-familiares. Acesso em: 02/10/2023.
- OPAS. Transtorno do espectro autista. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista. Acesso em: 02/10/2023.
- WHO. Autism. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/autism-spectrum-disorders. Acesso em: 02/10/2023.
- Zeidan, J., Fombonne, E., Scorah, J., Ibrahim, A., Durkin, M. S., Saxena, S., Yusuf, A., Shih, A., & Elsabbagh, M. (2022). Global prevalence of autism: A systematic review update. Autism Research, 15(5), 778–790. https://doi.org/10.1002/aur.2696.