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Cientistas identificam 4 subtipos de autismo e abrem caminho para intervenções mais personalizadas

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Em julho de 2025, uma descoberta científica publicada por um consórcio internacional de universidades e centros de neurociência deu um importante passo na compreensão do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O estudo analisou dados genéticos, clínicos e comportamentais de mais de 5 mil crianças autistas e 2 mil irmãos neurotípicos, identificando quatro subtipos biológicos distintos dentro do espectro do autismo.

Essa descoberta reforça aquilo que profissionais da psicopedagogia já percebiam na prática: o autismo não é uma condição única e homogênea, mas sim uma constelação de diferentes perfis, com trajetórias diversas de desenvolvimento, linguagem, cognição e saúde mental.

Quais são os quatro subtipos identificados?

O estudo utilizou inteligência artificial para agrupar padrões recorrentes entre os participantes, tanto do ponto de vista clínico quanto genético. Os quatro subtipos sugeridos até o momento são:

  1. Subtipo “Comportamental Desafiador”
    • Forte presença de comportamentos externalizantes, como agressividade e crises intensas.
    • Alta sobrecarga familiar e necessidade de suporte especializado.
  2. Subtipo “TEA com Atraso de Desenvolvimento”
    • Atrasos significativos de fala, motricidade e cognição desde os primeiros anos.
    • Maior presença de mutações genéticas associadas ao neurodesenvolvimento.
  3. Subtipo “Autismo Funcional com Sintomas Leves”
    • Boas habilidades cognitivas e de linguagem, com sintomas leves de inflexibilidade ou hipersensibilidade sensorial.
    • Frequente diagnóstico tardio ou mascarado.
  4. Subtipo “TEA com Condições Associadas”
    • Coexistência de transtornos como TDAH, ansiedade, epilepsia, entre outros.
    • Maior necessidade de abordagem interdisciplinar.

Os pesquisadores destacaram que cada subtipo apresenta assinaturas genéticas distintas, o que abre possibilidades reais para diagnósticos mais precoces, individualizados e baseados em marcadores biológicos — e não apenas em observações comportamentais subjetivas.

O que essa descoberta muda na prática psicopedagógica?

Essa nova classificação pode, no futuro, transformar a forma como psicopedagogos e profissionais da saúde mental infantil compreendem, planejam e aplicam intervenções em crianças com TEA.

Veja o impacto direto para a prática:

  • Personalização real da intervenção:
    Saber que uma criança pertence a um subtipo com mais rigidez cognitiva, por exemplo, pode orientar o uso de métodos mais visuais, previsíveis e estruturados.
  • Maior precisão nas orientações escolares:
    Os psicopedagogos poderão oferecer laudos e pareceres mais bem fundamentados, inclusive com base em dados científicos que descrevem como cada subtipo pode responder melhor a determinados estímulos ou acomodações curriculares.
  • Atuação preventiva e colaborativa:
    Ao entender o risco genético de determinados perfis, clínicas e escolas poderão colaborar mais cedo para antecipar dificuldades e evitar agravamentos — uma prática cada vez mais valorizada no campo da neuroeducação.
  • Combate à rotulação simplista:
    Em vez de tratar o TEA como um único rótulo que serve para todos, essa nova perspectiva reforça a importância de enxergar a singularidade de cada criança, um dos princípios da atuação ética do psicopedagogo.

O que dizem os pesquisadores?

A equipe do estudo destacou que esta é uma etapa inicial e que mais pesquisas serão feitas para validar os subtipos em diferentes culturas e faixas etárias.

Contudo, os achados atuais já permitem afirmar com segurança que:

“O TEA não é uma condição unificada. Existem trajetórias distintas de desenvolvimento, risco genético e resposta ao ambiente. Ao reconhecer isso, damos um passo essencial para oferecer apoio adequado a cada criança.” – Trecho do artigo publicado no periódico Nature Neuroscience, julho de 2025.

O que fazer a partir de agora?

Psicopedagogos, neuropsicopedagogos e educadores clínicos podem:

  • Acompanhar a evolução das pesquisas, participando de congressos, grupos de estudos ou mentorias;
  • Atualizar seus modelos de avaliação e intervenção, incorporando perguntas e observações mais específicas nos atendimentos;
  • Dialogar com médicos, neurologistas e geneticistas para construir pareceres mais completos;
  • Evitar generalizações em relatórios, substituindo termos genéricos por descrições mais funcionais e centradas na criança.

Conclusão: O futuro da intervenção começa com a compreensão do indivíduo

A descoberta de subtipos biológicos dentro do espectro do autismo marca uma mudança de paradigma. O que antes era visto como um “único diagnóstico com muitas variações” agora começa a se revelar como um conjunto de caminhos distintos que merecem atenção personalizada.

Para o psicopedagogo, essa é uma oportunidade de reafirmar seu compromisso com a escuta sensível, a observação clínica refinada e a busca por práticas fundamentadas em ciência — sempre com respeito à subjetividade da criança.

Referência de apoio

Publicação original (em inglês): Nature Neuroscience – July 2025 Edition
Resumo (em português): Estudo publicado na Nature identifica 4 subtipos diferentes de autismo

👉 No próximo artigo da série: veja por que especialistas estão questionando a confiabilidade de muitos estudos sobre TDAH em adultos — e como isso afeta diagnósticos e intervenções.

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