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testes psicopedagógicos

Testes Psicopedagógicos: O Guia Completo para Profissionais e Educadores

Índice de Conteúdos

No cenário educacional atual, os testes psicopedagógicos emergiram como instrumentos indispensáveis para a compreensão do processo de aprendizagem.

Neste guia completo, você vai compreender a importância da avaliação psicopedagógica, conhecer os principais instrumentos utilizados e descobrir como eles podem potencializar o trabalho de professores, psicólogos e psicopedagogos no ambiente educacional e clínico.

O Que São Testes Psicopedagógicos?

testes psicopedagógicos

Os testes psicopedagógicos são ferramentas de avaliação utilizadas por profissionais da educação e da psicologia para identificar dificuldades de aprendizagem, medir habilidades cognitivas e emocionais, e compreender o desenvolvimento global de crianças, adolescentes e até adultos.

Eles são fundamentais para diagnosticar transtornos como dislexia, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), discalculia, autismo e outros desafios que podem interferir no processo de aprendizagem.

Esses testes são compostos por uma série de atividades, questionários e exercícios padronizados, que avaliam diferentes áreas, como:

  • Habilidades cognitivas: Memória, atenção, raciocínio lógico e resolução de problemas.
  • Aprendizagem escolar: Leitura, escrita, matemática e interpretação de textos.
  • Aspectos emocionais e comportamentais: Autoestima, ansiedade, habilidades sociais e motivação.

A aplicação dos testes psicopedagógicos é feita por profissionais qualificados, como psicólogos, psicopedagogos e neuropsicopedagogos, que interpretam os resultados e elaboram relatórios detalhados.

Esses relatórios servem como base para a criação de planos de intervenção personalizados, que visam superar as dificuldades identificadas e promover o desenvolvimento integral do indivíduo.

Finalidade dos Testes Psicopedagógicos

finalidade principal desses testes é fornecer um diagnóstico preciso e embasar estratégias de ensino ou terapêuticas que atendam às necessidades específicas de cada indivíduo. Eles ajudam a responder perguntas como:

  • Por que o aluno não está acompanhando o ritmo da turma?
  • Quais são as habilidades e dificuldades cognitivas do paciente?
  • Como posso ajudar essa criança a superar suas limitações?

Diferença Entre Testes Psicopedagógicos e Psicológicos

Embora os testes psicopedagógicos e psicológicos possam parecer semelhantes à primeira vista, eles têm objetivos e finalidades bem diferentes. Entender essas diferenças é essencial para escolher o tipo certo de avaliação e garantir um diagnóstico mais preciso e eficaz.

Testes Psicopedagógicos

  • Foco: Esses testes analisam como o indivíduo aprende. Eles avaliam habilidades relacionadas à leitura, escrita, matemática, atenção e memória, sendo fundamentais para identificar lacunas no processo de aprendizagem.
  • Objetivo: A principal função dos testes psicopedagógicos é detectar dificuldades de aprendizado e indicar estratégias ou intervenções que possam melhorar o desempenho acadêmico e cognitivo do indivíduo.
  • Onde usar: São amplamente utilizados em escolas, clínicas psicopedagógicas e consultórios especializados. Esses testes são ferramentas importantes tanto para ajudar na adaptação de metodologias pedagógicas quanto para orientar terapias específicas.

Clique aqui e conheça quais são os testes psicopedagógicos.

Testes Psicológicos

  • Foco: Esses instrumentos têm como objetivo principal analisar emoções, comportamento e traços de personalidade. Eles vão além do desempenho escolar e buscam compreender fatores internos que podem impactar o indivíduo de forma mais ampla.
  • Objetivo: São usados para diagnosticar questões emocionais, como ansiedade, depressão ou transtornos de personalidade, que podem estar interferindo no bem-estar e nas relações interpessoais.
  • Onde usar: São mais comuns em contextos clínicos e terapêuticos, onde o foco está em compreender e tratar questões emocionais e comportamentais que afetam a vida do paciente.

Clique aqui e conheça quais são os testes psicológicos.


Como profissional, eu vejo que muitas vezes existe uma confusão na escolha entre esses dois tipos de testes, mas a diferença está no objetivo da avaliação.

Se a questão envolve desempenho acadêmico ou dificuldades cognitivas, os testes psicopedagógicos são os mais indicados.

Já se a preocupação está voltada para o estado emocional ou traços de personalidade, os testes psicológicos são indispensáveis.

Na prática, o mais interessante é que essas ferramentas não precisam ser usadas isoladamente. Muitas vezes, combinar os dois tipos de avaliação permite uma visão mais ampla do indivíduo, abordando tanto os aspectos emocionais quanto os relacionados ao aprendizado.

Isso nos ajuda a criar intervenções mais assertivas e completas, sempre respeitando as necessidades específicas de cada caso.

Quando Usar Cada Um?

Saber quando usar um teste psicopedagógico ou psicológico é essencial para garantir uma avaliação precisa e eficaz.

  • Testes Psicopedagógicos: Eles são ideais quando o foco está no desempenho acadêmico ou em dificuldades relacionadas à aprendizagem, como leitura, escrita, matemática, atenção ou memória. Por exemplo, se você estiver atendendo uma criança que apresenta queda no rendimento escolar ou que enfrenta desafios específicos em alguma área cognitiva, esses testes serão a melhor escolha. Eles ajudam a identificar não apenas o problema, mas também fornecem um caminho para intervenções práticas, seja no contexto educacional ou clínico.
  • Testes Psicológicos: Esses são indispensáveis quando o foco está nos aspectos emocionais, comportamentais ou de personalidade. Se você perceber que o aluno ou paciente está enfrentando questões como ansiedade, depressão ou dificuldades de regulação emocional que podem impactar o aprendizado ou a convivência social, um teste psicológico será mais adequado. Esses instrumentos oferecem uma visão mais ampla e profunda sobre o estado emocional do indivíduo, ajudando no diagnóstico e na definição de um plano terapêutico.

Como profissional, eu sempre gosto de reforçar que a escolha do teste depende do objetivo da avaliação. Se o problema apresentado envolve aspectos emocionais ou comportamentais que estão afetando a aprendizagem, combinar os dois tipos de testes pode ser muito útil.

Essa abordagem integrada nos dá uma visão mais completa, garantindo que as intervenções sejam mais assertivas e personalizadas.

Áreas de Aplicação: Educação, Clínica, Neuropsicologia

testes psicopedagógicos

Os testes psicopedagógicos são versáteis e podem ser aplicados em diferentes contextos, dependendo das necessidades do indivíduo e dos objetivos da avaliação. Abaixo, detalho as principais áreas de aplicação:

1. Educação

Na área educacional, os testes psicopedagógicos são amplamente utilizados para:

  • Identificar dificuldades de aprendizagem: Como dislexia, discalculia ou TDAH.
  • Avaliar o desempenho escolar: Verificar se o aluno está acompanhando o ritmo da turma.
  • Orientar a prática pedagógica: Fornecer subsídios para professores adaptarem suas metodologias.
  • Promover a inclusão: Ajudar na criação de planos de ensino individualizados (PEI) para alunos com necessidades especiais.

Exemplo: Um professor percebe que um aluno tem dificuldades na leitura. Um psicopedagogo aplica o teste PROLEC e descobre que a criança tem dislexia. Com base nesse diagnóstico, a escola adapta o material didático e oferece aulas de reforço.

2. Clínica

No contexto clínico, os testes psicopedagógicos são usados por psicopedagogos e psicólogos para:

  • Diagnosticar transtornos de aprendizagem: Como dislexia, TDAH ou autismo.
  • Avaliar o desenvolvimento cognitivo: Verificar se a criança está dentro da faixa esperada para a sua idade.
  • Planejar intervenções terapêuticas: Criar estratégias personalizadas para superar as dificuldades identificadas.

Exemplo: Uma criança é encaminhada a um psicopedagogo por apresentar dificuldades em matemática. O profissional aplica o teste Zareki-R e identifica discalculia. A partir daí, são propostas atividades específicas para trabalhar as habilidades numéricas.

3. Neuropsicologia

Na neuropsicologia, os testes psicopedagógicos são utilizados para:

  • Avaliar funções cognitivas: Como memória, atenção, linguagem e raciocínio lógico.
  • Identificar sequelas de lesões cerebrais: Como AVCs ou traumatismos cranianos.
  • Monitorar o progresso de tratamentos: Verificar a eficácia de intervenções terapêuticas ou medicamentosas.

Exemplo: Um paciente que sofreu um AVC é submetido a testes psicopedagógicos para avaliar suas habilidades cognitivas após o acidente. Com base nos resultados, o neuropsicólogo elabora um plano de reabilitação.

Como Escolher o Teste Psicopedagógico Adequado?

Selecionar o teste psicopedagógico adequado para cada situação exige um olhar atento, analítico e ético. A escolha correta garante que o processo de avaliação seja eficiente e alinhado às necessidades específicas do avaliado, além de fornecer dados confiáveis para intervenções eficazes.

Vamos explorar os principais critérios para essa seleção e entender como aplicá-los na prática clínica.

Identificação do objetivo da avaliação

O ponto de partida na escolha do teste é compreender o objetivo da avaliação. O que você deseja medir ou identificar?

Pode ser uma dificuldade específica de aprendizagem, como dislexia ou discalculia, ou um perfil cognitivo mais amplo, englobando funções executivas, habilidades socioemocionais ou processamento sensorial.

Definir claramente o propósito evita desperdícios de recursos e direciona os esforços para resultados mais assertivos.

Por exemplo, ao investigar dificuldades de leitura, um teste como o PROLEC é mais indicado, enquanto para habilidades visomotoras, o teste Bender Gestalt pode ser mais apropriado.

Minha opinião é que a clareza no objetivo não apenas facilita a escolha do teste, mas também fortalece a comunicação com os responsáveis, que precisam entender o motivo da avaliação.

Consideração da idade e perfil do avaliado

Outro aspecto crucial é a adequação do teste à idade e ao perfil do avaliado. Testes psicopedagógicos têm faixas etárias específicas e limitações quanto ao tipo de população para a qual foram desenvolvidos.

Usar um teste projetado para crianças pequenas em adolescentes ou adultos pode comprometer os resultados e levar a conclusões equivocadas.

Além disso, considerar aspectos como escolaridade, cultura e até mesmo condições emocionais é essencial. Um teste que funciona bem em um contexto urbano pode não ser tão eficiente em populações rurais, por exemplo.

Na minha prática, sempre reforço que respeitar essas variáveis enriquece o processo avaliativo e aumenta a probabilidade de uma intervenção bem-sucedida.

Validade e confiabilidade do teste

A validade e a confiabilidade são pilares fundamentais para escolher um teste psicopedagógico. A validade garante que o teste realmente mede o que se propõe a medir, enquanto a confiabilidade assegura que os resultados serão consistentes em aplicações repetidas.

Ao selecionar um teste, é indispensável verificar se ele foi validado no contexto brasileiro e se possui estudos robustos que sustentem sua aplicação.

Por exemplo, testes adaptados para o Brasil, como o TDE, têm maior relevância para nossas demandas específicas do que instrumentos genéricos sem estudos locais.

Em minha visão, priorizar testes validados e confiáveis é não apenas uma questão técnica, mas também uma demonstração de respeito pelo avaliado e pelos resultados que ele espera.

Formação do profissional aplicador

A formação e a capacitação do profissional são determinantes para o sucesso da avaliação. Cada teste exige não apenas conhecimento teórico sobre seus objetivos e funcionamento, mas também habilidades práticas para aplicação, interpretação e devolutiva.

A falta de preparo pode levar a erros graves, que comprometem o diagnóstico e até prejudicam a confiança do avaliado no processo.

Cursos de capacitação específicos, leituras atualizadas e supervisão são indispensáveis para garantir a qualidade técnica. Minha experiência me leva a reforçar que o conhecimento do profissional não é apenas sobre o teste em si, mas sobre como utilizá-lo dentro de um contexto maior, considerando aspectos éticos e práticos.

Passo a Passo para Aplicar Testes Psicopedagógicos

Fluxograma do processo de avaliação psicopedagógica: triagem, avaliação, diagnóstico e intervenção

1. Preparação do Ambiente e do Avaliado

A preparação adequada do ambiente é essencial para garantir que o avaliado se sinta confortável e seguro durante a aplicação dos testes psicopedagógicos. O espaço deve ser organizado, silencioso e livre de distrações, permitindo que o foco esteja totalmente na atividade.

Recomenda-se utilizar uma iluminação adequada, materiais bem dispostos e oferecer um assento confortável tanto para o avaliado quanto para o aplicador.

Para o avaliado, é importante explicar de forma clara e simples o que será realizado, assegurando que ele compreenda a dinâmica do teste. Essa comunicação deve ser feita de maneira acolhedora, sem criar expectativas ou pressões.

Em casos de avaliações com crianças, um breve momento de interação inicial pode ajudar a reduzir a ansiedade.

Minha opinião: Uma boa preparação do ambiente e do avaliado é metade do caminho para um resultado eficaz. Ignorar essa etapa pode comprometer todo o processo, especialmente em situações que envolvem crianças ou indivíduos com dificuldades específicas.


2. Aplicação do Teste (seguindo o manual)

O uso correto do manual de aplicação é imprescindível para garantir a validade e a confiabilidade dos resultados obtidos nos testes psicopedagógicos.

Antes de iniciar, o profissional deve ler atentamente todas as orientações do instrumento, familiarizar-se com suas etapas e verificar se todos os materiais necessários estão prontos e organizados.

Durante a aplicação, é importante seguir à risca as instruções fornecidas, como o tempo destinado a cada tarefa, os comandos a serem dados e os critérios de registro das respostas. Alterar qualquer um desses elementos pode invalidar a avaliação.

Além disso, é fundamental observar a expressão e o comportamento do avaliado, pois essas informações também podem complementar os dados obtidos no teste.

Minha opinião: Profissionais que negligenciam o manual correm o risco de comprometer a precisão do teste e, consequentemente, sua credibilidade. Seguir o manual é uma questão de ética e profissionalismo.


3. Análise e Interpretação dos Resultados

A análise dos resultados é uma das etapas mais complexas e relevantes do processo. Exige do profissional conhecimento técnico, experiência prática e habilidade para correlacionar os dados obtidos com o contexto do avaliado.

Essa interpretação deve ser baseada nos padrões normativos ou comparativos fornecidos pelo manual do teste, além de levar em conta os aspectos qualitativos observados durante a aplicação.

É essencial considerar os fatores que podem influenciar os resultados, como o estado emocional do avaliado no momento do teste, suas condições físicas e eventuais limitações culturais ou sociais.

A interpretação também deve ser feita de forma integrada, não se baseando apenas em um único instrumento, mas cruzando os dados de diferentes testes, se necessário.

Minha opinião: A análise deve ser criteriosa e responsável, pois é nela que se fundamentam as intervenções psicopedagógicas. Interpretar mal os resultados é uma falha que pode prejudicar diretamente o desenvolvimento do avaliado.


4. Elaboração do Relatório

O relatório é o registro formal de todo o processo avaliativo e deve refletir com clareza e objetividade os resultados obtidos. Ele deve incluir informações como a identificação do avaliado, o objetivo da avaliação, os instrumentos utilizados, a descrição dos resultados e as considerações do profissional.

Além disso, o relatório deve conter recomendações claras e aplicáveis para pais, professores ou outros profissionais envolvidos com o avaliado. A linguagem utilizada deve ser adaptada ao público-alvo, sendo técnica o suficiente para outros especialistas, mas compreensível para leigos.

Minha opinião: Um bom relatório é aquele que vai além de uma descrição fria de dados e resultados. Ele precisa transmitir valor e direcionar para soluções reais, reforçando o papel do profissional como mediador do desenvolvimento do avaliado.


5. Feedback para Pais, Professores ou Responsáveis

O feedback é uma etapa essencial para compartilhar os resultados da avaliação e envolver todos os interessados no processo de intervenção. Durante essa etapa, é importante comunicar os achados de forma clara, respeitosa e empática.

O profissional deve explicar os resultados, contextualizá-los na realidade do avaliado e sugerir encaminhamentos práticos.

Para os pais, o foco deve estar nas estratégias que podem ser adotadas em casa. Para os professores, é fundamental oferecer sugestões aplicáveis ao ambiente escolar.

Caso outros profissionais estejam envolvidos, é necessário alinhar os objetivos e as ações propostas.

Minha opinião: Um feedback bem realizado promove não apenas a compreensão dos resultados, mas também o engajamento dos envolvidos na busca por soluções. A comunicação precisa ser assertiva, mas também humanizada, valorizando o papel de cada um no processo de desenvolvimento.

Exemplos Práticos de Aplicação

Caso 1: Identificação de dislexia com o PROLEC

Maria, 8 anos e 6 meses, foi encaminhada pela escola devido a dificuldades persistentes na leitura. Durante a aplicação do PROLEC, apresentou o seguinte perfil:

Na prova de identificação de letras, Maria reconheceu corretamente 19 das 20 letras apresentadas. No entanto, nas tarefas de leitura de palavras, demonstrou lentidão significativa (tempo médio de 3 segundos por palavra) e diversos erros de regularização (lendo “táxi” como “tachi”).

Na leitura de pseudopalavras, seu desempenho foi ainda mais comprometido, conseguindo ler corretamente apenas 40% dos estímulos, com frequentes substituições fonêmicas.

Nas provas sintáticas, Maria apresentou dificuldade especial com textos que continham palavras funcionais, frequentemente ignorando preposições e conjunções.

A compreensão de textos mostrou-se prejudicada, conseguindo responder corretamente apenas 4 das 10 perguntas sobre o conteúdo lido, mesmo após duas leituras do material.

Este padrão de resultados, especialmente o contraste entre a adequada identificação de letras isoladas e as dificuldades significativas com pseudopalavras, foi crucial para confirmar o diagnóstico de dislexia.

Caso 2 : Identificação de Dislexia com o PROLEC

Exemplo prático:

João, 9 anos, está no 4º ano do ensino fundamental e apresenta grande dificuldade em leitura e escrita. Seus professores relatam que ele lê de forma lenta e faz muitas trocas de letras ao escrever, como “p” por “b” e “d” por “q”. Ele também demonstra dificuldade em entender o que lê, apesar de acompanhar bem as aulas orais.

Durante a aplicação do PROLEC, João teve um desempenho significativamente abaixo da média em tarefas de leitura de pseudopalavras e compreensão de frases.

Ele conseguiu ler palavras conhecidas, mas teve dificuldade em decodificar palavras desconhecidas, o que aponta comprometimento na rota fonológica. Na compreensão de frases, ele não conseguiu responder corretamente a perguntas simples sobre o texto, sugerindo dificuldade na integração do que foi lido.

Conclusão: Com base nos resultados do PROLEC e no histórico escolar de João, foi possível identificar sinais de dislexia. A intervenção recomendada incluiu estratégias voltadas para o fortalecimento da consciência fonológica e atividades que melhorem a fluência e a compreensão leitora.

Caso 3: Avaliação de TDAH com o Teste de Atenção Concentrada

Pedro, 12 anos, chegou para avaliação com queixas de desatenção e baixo rendimento escolar. Durante o Teste de Atenção Concentrada (AC), apresentou o seguinte desempenho:

Nos primeiros 2 minutos do teste, manteve um ritmo adequado, marcando corretamente os estímulos-alvo. Porém, a partir do terceiro minuto, começou a apresentar um padrão errático: períodos de aceleração (com aumento de erros por ação) seguidos por momentos de lentificação significativa (com erros por omissão).

Sua pontuação total foi de 85 acertos, 12 erros por ação e 15 por omissão. O padrão de execução mostrou clara deterioração ao longo do tempo, com 70% dos erros concentrados na segunda metade do teste.

A análise qualitativa revelou que Pedro frequentemente perdia a linha que estava analisando, pulando para linhas diferentes e depois retornando, demonstrando dificuldade na manutenção do foco atencional.

Caso 4: Avaliação de TDAH com o Teste de Atenção Concentrada

Exemplo prático:

Maria, 12 anos, foi encaminhada para avaliação devido à sua dificuldade em se concentrar nas tarefas escolares. Seus pais relatam que ela frequentemente começa as atividades, mas se distrai facilmente e deixa os trabalhos inacabados.

Na escola, Maria tem dificuldade em prestar atenção por longos períodos e costuma perder materiais ou esquecer de entregar lições.

Ao aplicar o Teste de Atenção Concentrada, Maria demonstrou um desempenho característico de indivíduos com TDAH. Durante a tarefa, que exigia atenção sustentada por um período prolongado, ela cometeu muitos erros de omissão, mostrando dificuldade em manter o foco.

Além disso, houve grande variação na velocidade de execução, alternando momentos de alta produtividade com lapsos de atenção.

Os resultados reforçaram os relatos comportamentais, apontando para dificuldade na atenção sustentada e na organização.

A avaliação foi utilizada como parte do processo diagnóstico, orientando a escola e os pais sobre estratégias para ajudar Maria, como fracionar tarefas em etapas menores e criar uma rotina mais estruturada.

Caso 5: Diagnóstico de discalculia com o Zareki-R

Lucas, 9 anos, foi encaminhado por apresentar dificuldades específicas em matemática. Na aplicação do Zareki-R, demonstrou o seguinte perfil:

Na contagem oral em ordem crescente, apresentou desempenho adequado até 100, mas cometeu erros sistemáticos na contagem regressiva, especialmente nas transições de dezena (ex: 40 para 39). No ditado de números, teve dificuldade específica com números que continham zero intermediário (como 1.045).

Na estimativa de quantidades em contexto, Lucas apresentou desempenho significativamente abaixo do esperado, com dificuldade particular em estimar quantidades acima de 20 elementos.

No cálculo mental, mostrou lentidão acentuada e uso persistente dos dedos mesmo para operações simples de soma.

Os problemas aritméticos contextualizados foram especialmente desafiadores, com dificuldade na compreensão da relação entre as quantidades apresentadas.

Seu desempenho total ficou abaixo do percentil 5 para sua idade, com prejuízos específicos nas habilidades de processamento numérico básico e cálculo mental.

Caso 6: Diagnóstico de Discalculia com o Zareki-R

Exemplo prático:

Pedro, 10 anos, foi encaminhado para avaliação após sua professora perceber que ele tem dificuldades em resolver problemas matemáticos básicos.

Enquanto os colegas conseguem realizar contas de adição e subtração simples, Pedro frequentemente erra mesmo utilizando estratégias como contar nos dedos.

Em casa, seus pais relatam que ele também tem dificuldade para entender horários e manejar dinheiro.

Durante a aplicação do Zareki-R, Pedro apresentou desempenho abaixo da média em tarefas de contagem reversa e operações básicas.

Na atividade de resolver problemas matemáticos simples, ele demonstrou dificuldade em interpretar a linguagem matemática e aplicar os passos corretos.

Seu desempenho em tarefas que envolviam memória de trabalho, como lembrar uma sequência de números enquanto realizava uma operação, também foi prejudicado.

Os resultados indicaram discalculia, o que foi confirmado por seu histórico acadêmico e comportamental.

Com base nesse diagnóstico, foi elaborado um plano de intervenção envolvendo atividades práticas e lúdicas para desenvolver conceitos matemáticos básicos e melhorar sua confiança com números.

Conclusão

A avaliação psicopedagógica, através de seus diversos instrumentos e testes, representa um campo fundamental para a compreensão e intervenção nas dificuldades de aprendizagem.

Como evidenciado ao longo deste artigo, a aplicação adequada destes testes requer não apenas conhecimento técnico, mas também sensibilidade e compreensão do contexto individual de cada avaliado.

Os casos práticos apresentados demonstram a importância de uma avaliação criteriosa e bem fundamentada, que considere tanto os aspectos quantitativos quanto qualitativos.

A identificação precisa de condições como dislexia, TDAH e discalculia através de instrumentos validados como o PROLEC, Teste de Atenção Concentrada e Zareki-R permite o desenvolvimento de intervenções personalizadas e eficazes.

É fundamental ressaltar que o processo avaliativo não se encerra com o diagnóstico. Pelo contrário, ele serve como ponto de partida para um trabalho conjunto entre profissionais, família e escola, visando o desenvolvimento integral do indivíduo.

A escolha adequada dos instrumentos, a preparação do ambiente, a aplicação criteriosa e a interpretação cuidadosa dos resultados são elementos essenciais para garantir a qualidade e eficácia da avaliação psicopedagógica.

Referências Internacionais:

  1. International Dyslexia Association (IDA) https://dyslexiaida.org/
  2. National Center for Learning Disabilities (NCLD) https://www.ncld.org/
  3. European Association for Special Education https://www.easie.eu/
  4. Learning Disabilities Association of America https://ldaamerica.org/
  5. British Dyslexia Association https://www.bdadyslexia.org.uk/

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